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Debates sobre a morte do livro no 7º Festival Recifense de Literatura

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Intensos debates foram travados na tarde desta segunda-feira (17), durante o primeiro dia de discussões do Festival Recifense de Literatura – A Letra e A Voz, na Livraria Cultura. Personalidades de destaque de diversas vertentes da arte se reuniram para aprofundar o tema

O Livro Desmaterializado,proposto pelo seminário. Entre os convidados de outros estados estavam Heloisa Buarque de Holanda (RJ) e Michel Melamed (RJ).

Às 16h, uma mesa formada pela escritora e blogueira Heloisa Buarque de Hollanda e o músico e letrista Fred Zeroquatro (PE) e mediada pelo designer e artista visual Mabuse (PE) debateu sobre Poesia Funcional. Com opiniões bastante divergentes, Heloisa e Fred Zeroquatro proporcionaram uma discussão interessante sobre “a morte do livro”. Segundo Fred, a exemplo do que aconteceu com a indústria fonográfica, que condenou as gravadoras e está promovendo a extinção do CD como mídia viável, o livro materializado perderá espaço em pouco tempo, bem como os direitos do autor com o chamado copyleft. “A tecnologia é algo que nos favorece, mas temos que tomar cuidado com o chamado fundamentalismo tecnológico”, afirmou Fred.

Em contrapartida, Heloisa argumentou que o livro, como objeto de fetiche, nunca deixará de existir, pois sempre encontrará mercado consumidor. Segundo ela os novos suportes ajudarão a difundir a literatura para outros públicos, sobretudo os adolecentes, mas os novos e antigos meios coexistirão. “O livro é um suporte precioso e não vai se extinguir. A palavra está explodindo por conta das novas ferramentas, mas isso não vai acabar com o livro”, argumentou. Outro polêmica abordada no debate foi sobre a qualidade do que é escrito atualmente, diante da profusão da internet. Fred se mostrou bastante preocupado com a massificação da literatura em detrimento do conteúdo. Já Heloisa lembrou que mesmo numa biblioteca como a Livraria Cultura, tem muito livro de má qualidade, e isso também se aplica à internet. Por fim, o que se viu foi um debate bastante produtivo com diversidade de pontos de vista.           thumbs topo int [Notícias] Debates sobre a morte do livro no 7º Festival Recifense de Literatura

O Livro Deslocado

Por volta das 17h30, o tema proposto foi O Livro Deslocado, tendo como debatedores o ator e escritor Michel Melamed (RJ) e o artista visual Paulo Brusky(PE), com mediação da editora da Revista Continente, Adriana Dória Matos (PE). O fato dos dois debatedores convidados do seminário serem artistas não foi por acaso. O Livro Deslocado sugere justamente a transversalidade de outros tipos de arte com o livro.

No caso de Michel Melamed, essa tranversalidade pode ser percebida em seu livro Regurgitofagia (editora Objetiva, Rio de Janeiro) que deu origem a um espetáculo. Nesta peça, Michel Melamed se utiliza da integração de linguagens – teatro, poesia falada, stand-up comedy, performance e artes plásticas – para fazer uma crítica contundente e bem-humorada do mundo contemporâneo, através, exclusivamente, de fragmentos de textos autorais e de uma interface denominada “pau-de-arara”, onde cada reação sonora da platéia (risos, aplausos, tosses, etc.) era captada por microfones que as transformava em descargas elétricas sobre o corpo do autor/autor.

Michel foi contemplado com a Bolsa Rioarte, segmento Arte e Tecnologia, para montagem deste espetáculo que estreou no Rio de Janeiro no mês de abril de 2004, para uma temporada de três semanas, permanecendo nove meses em cartaz. Este foi considerado um dos dez melhores espetáculos do ano pelo O Globo e pelo Jornal do Brasil, sendo depois apresentado em São Paulo por mais seis meses, com pequenas temporadas em Brasília, Porto Alegre (no Festival Porto Alegre em Cena), Belo Horizonte e outras capitais, além de apresentações especiais em Nova Iorque, Paris e Berlim. “A arte é o último reduto do pode tudo, que pode ser construído. Um espaço para transgressão de valores constituídos”, provocou Melamed.

No caso de Paulo Brusky, o livro se insere como elemento importante tanto na vídeo-arte quanto em suas instalações. Quer seja nos livros objetos de plástico que experimentou com os filhos durante os banhos, até no livro como objeto sensorial, com cheiro, forma e conteúdo. De forma brilhante, Brusky encerrou sua apresentação recitando um poema de sua autoria que fala de um livro escultura, que contem apenas um ponto na capa, que vai ganhando dimensões com o passar das páginas, revelando uma forma oca que some gradativamente do meio pro fim do livro, voltando a se tornar um ponto na contracapa. Na imaginação de todos se revelou uma escultura escondida naquele livro, possibilidade artística e sensorial descrita com maestria.

O VII Festival Recifence de Literatura começou dia 16 de agosto e vai até dia 23.

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