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Texto: Você é o que você ouve?

   Você é o que você ouve? Nem sempre. Afinal, nem todo mundo ouve música para existir. Há uma contigüidade para certas pessoas entre a música que ouvem e suas vidas, onde num processo de simbiose não se sabe onde começa uma e termina a outra. O processo é o da identificação, só que numa via de mão dupla – como em Walter Benjamin. Isso significa que, em alguns casos a pessoa é influenciada pela música, ou a música coincide com um comportamento já existente. A música às vezes funciona com um “start” para um comportamento apreciado, exemplo: o indivíduo é anarquista convicto, libertário, anti-sistema, mas não age – nesse caso, a música punk rock funciona como um impulso liberador de um comportamento já existente, porém reprimido. É muito comum ouvirmos a expressão que diz que é fácil conhecer alguém através de seus gostos musicais. Mas isso não funciona em todos os casos. Às vezes alguém apenas aprecia a música mas não se comporta como tal. Porém é inegável que essa fórmula responde a boa parte dos casos. A identificação se dá através do som ou da letra, sendo que o componente sonoro trabalha com os impulsos e as letras com a parte emocional. Andando por aí, na convivência do dia-a-dia, observando as pessoas nas ruas ou nos espaços de convivência – bares, shoppings, escolas, supermercados, padarias, entre outros, é que se percebe essa relação entre música e comportamento, e esse estreitamento referido. Nos bairros de periferia é muito comum vermos pelas esquinas, estacionamentos ou qualquer outro local aberto, amigos se confraternizando. Geralmente o tipo de mulher que freqüenta esses ambientes, são as “vulgares” – saem com vários caras, se relacionam facilmente com vários também, são interesseiras, vestem roupas chamativas e curtas, são exibicionistas, etc. Esse tipo de comportamento sempre existiu, mas o “funk”[1] tratou de explicitar ainda mais essas condutas. E aí entra a questão da identificação. Se uma garota ouve funk, não significa necessariamente que ele vá se comportar como dizem as letras, mas é fato que muitas se comportam, pois de certa forma as letras retratam suas vidas. Então a conclusão mais óbvia é: se ouve funk, freqüenta bailes, anda com pessoas assim, a chance de se comportar como tal é muito grande. No caso dos homens o funk se envereda pelo viés do sexismo. Pelo retrato que as letras apresentam, as mulheres devem ser tratadas como objeto meramente sexual, desrespeitadas, ofendidas, traídas, etc. Logo se você ouve esse tipo de música – que exalta esse tipo de conduta, é porque você concorda com isso – não em todos os casos – então a chegar na ideia de que funkeiros são sexistas e agem assim na sua vida cotidiana, não é nenhum exagero.
(Marlon Marques da Silva)

Leitura na íntegra aqui.

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