Com a aplicação da pesquisa internacional, educadores propõem discussão com os alunos sobre "hábitos em relação ao uso das telas digitais". Resultados por escola serão fornecidos para aprofundar reflexão com os jovens, a partir da sua realidade local. Escolas têm até o início de outubro para participar.
Por José AlvesAo iniciar mais uma aula na sala de informática da EMEF Dr. Hellio Tavares, em São Paulo (SP), o professor Marco Antonio Lopes, 36 anos, propõe aos jovens um tema amplamente debatido por especialistas em educação e tecnologia: "Quais são os hábitos que vocês, estudantes, têm em relação ao uso das telas digitais (internet, celular, televisão e videogames)?" De início, o assunto agradou àqueles que mais propriedade têm para responder a essas questões: os próprios alunos, sempre dispostos a falar sobre os aparelhos digitais que tanto os encantam. Com a experiência adquirida no decorrer dos cinco anos em que leciona na mesma unidade escolar, o educador conclui: "Os jovens têm uma grande preferência por diferentes tecnologias, principalmente o uso do celular, da internet e a interação com os jogos". E é dessa forma, trazendo o tema para dentro da escola, que o professor apresentou aos estudantes o questionário da pesquisa internacional Geração Interativa, uma iniciativa da Fundação Telefônica em parceria com a Universidade de Navarra, na Espanha. Em sua segunda edição, o estudo pretende identificar a frequência e a forma com que alunos de 6 a 18 anos utilizam tais dispositivos em dez países iberoamericanos.
Entre as questões abordadas no questionário, destacam-se as relacionadas aos hábitos e à rotina de acesso às telas por crianças e jovens, como, por exemplo, por quanto tempo durante a semana eles utilizam o celular, internet, videogame e televisão; se a utilização dos dispositivos os impede de participar de outras atividades presenciais igualmente importantes para o seu desenvolvimento; se acessam o mundo digital sozinhos ou na companhia de pais e professores; se estão presentes nas redes sociais ou em bate-papos, como se identificam nesses ambientes e se possuem algum filtro para selecionar os novos "amigos virtuais"; se os pais e parentes estão presentes e acompanham de perto a utilização dos dispositivos digitais; além de questões relacionadas ao gasto mensal e uso consciente dos ambientes virtuais.
Para Gabriela Bighetti, gerente de projetos da Fundação Telefônica, entidade organizadora do estudo, "é fundamental a participação do maior número possível de escolas das cinco regiões brasileiras; o tema é global e precisa ser introduzido nas unidades educativas de todo o país, já que crianças, jovens e adolescentes acessam constantemente e são fascinadas pelas mesmas telas digitais, estejam onde estiverem". No Brasil, as escolas que quiserem aderir ao estudo têm até a primeira semana de outubro de 2010 para participar. Os estudantes respondem, anonimamente, ao questionário. Cada escola recebe uma senha de acesso para ser utilizada por todos os alunos. Para receber essa senha, a escola deve preencher um formulário na Internet (clique aqui para acessar o formulário).
Enquanto o professor Marco Lopes, em São Paulo, debate o tema com os estudantes, em Porto Alegre (RS), mais precisamente na EEEF Tenente Coronel Travassos Alves, a professora Ana Maria Rhodes da Silveira, 44 anos, apresenta a mesma "atividade-aula" aos seus alunos e admite, quando reflete sobre o tema: "Eu espero que o relatório (personalizado) da pesquisa seja útil para conhecermos melhor de que forma nossos alunos fazem uso, principalmente, da internet. Muitos de nós, professores, estamos em fase de descoberta. Desejo que a pesquisa aponte-nos possibilidades". As escolas dos professores Marco Lopes, Ana Rhodes e diversas outras localizadas em praticamente todos os Estados brasileiros estão entre as instituições que já responderam ao questionário e diagnosticaram o potencial que essa ação revela no sentido de apresentar e desmitificar o assunto com os jovens no ambiente escolar. Até agora, em 03/09, já respoderam ao questionário aproximadamente 200 escolas, das cinco regiões do país, com um total de 5.067 questionários preenchidos por estudantes do ensino fundamental e médio. Cada ciclo possui um questionário específico.
Por que participar da pesquisa?
A pesquisa contribui com a escola que participa do Geração Interativa, acima de tudo, por ser uma ação conjunta e colaborativa, termo muito utilizado em ambientes de aprendizagem no mundo digital. Como essa colaboração se dá? A instituição educacional fornece subsídio para um estudo internacional que serve de base para análise e atuação pedagógica de pais, educadores e especialistas mundo afora e, em contrapartida, recebe um relatório personalizado com os resultados específicos dos hábitos de acesso em sua comunidade escolar, que podem ser trabalhados posteriormente, durante as aulas, para reflexão aprofundada com os estudantes. São os estudantes falando sobre si próprios, sobre o que apontaram as respostas que eles forneceram.
Partindo desse princípio, o professor Marco Lopes já planeja suas ações para quando receber os dados: "A pesquisa será uma referência que servirá de diagnóstico para futuras intervenções nas aulas. Pretendo apresentar os números, abrir uma discussão com os alunos e colocar algumas questões para reflexão", conta o educador, que aplicou a pesquisa a cerca de 500 estudantes da escola, em diferentes turnos, e aproveitou a atividade para esclarecer dúvidas sobre o assunto. A colaboração presencial entre os estudantes também foi observada pelo educador, durante a atividade na sala de informática: "Com auxílio dos alunos-monitores, colocamos o questionário para os estudantes responderem. Eles elucidaram algumas questões para os matriculados na 1ª série que tinham dificuldade de leitura."
Para a professora Ana Rhodes, tão importante quanto informar os jovens sobre o resultado da pesquisa é formar uma rede de apoio entre os professores a partir da divulgação dos números: "Penso em mostrar o resultado personalizado da pesquisa aos professores da escola, para que eles conheçam melhor nossos alunos sob este aspecto (hábitos de acesso às telas). Depois, pela expectativa que o questionário criou, mostrarei também aos estudantes."
Partindo desse princípio, o professor Marco Lopes já planeja suas ações para quando receber os dados: "A pesquisa será uma referência que servirá de diagnóstico para futuras intervenções nas aulas. Pretendo apresentar os números, abrir uma discussão com os alunos e colocar algumas questões para reflexão", conta o educador, que aplicou a pesquisa a cerca de 500 estudantes da escola, em diferentes turnos, e aproveitou a atividade para esclarecer dúvidas sobre o assunto. A colaboração presencial entre os estudantes também foi observada pelo educador, durante a atividade na sala de informática: "Com auxílio dos alunos-monitores, colocamos o questionário para os estudantes responderem. Eles elucidaram algumas questões para os matriculados na 1ª série que tinham dificuldade de leitura."
Para a professora Ana Rhodes, tão importante quanto informar os jovens sobre o resultado da pesquisa é formar uma rede de apoio entre os professores a partir da divulgação dos números: "Penso em mostrar o resultado personalizado da pesquisa aos professores da escola, para que eles conheçam melhor nossos alunos sob este aspecto (hábitos de acesso às telas). Depois, pela expectativa que o questionário criou, mostrarei também aos estudantes."
O EducaRede elaborou um Roteiro para o professor, com orientações que vão desde como planejar essa ação, passando por dicas para ajudar os alunos a responderem o questionário, até o compartilhamento dos resultados com o grupo.
Entenda o Gerações Interativas: um histórico
Esta é a segunda edição da pesquisa. O primeiro estudo, realizado em 2008, deu origem ao livro “A Geração Interativa na Ibero-América: Crianças e adolescentes diante das telas”, e constatou que, entre os países pesquisados, o Brasil se destaca por ter uma geração interativa de vanguarda, com alto número de crianças e jovens que não só navegam, mas também produzem conteúdo na internet. Foi apontado que, de cada dez estudantes brasileiros, dois possuem página web ou blog. A pesquisa também evidenciou desafios a serem enfrentados, já que o Brasil obtém a segunda pontuação mais alta (atrás apenas da Argentina) quanto à ausência de mediação: 46% dos estudantes não têm acompanhamento de pais ou professores no uso da rede.
Em 2009, o EducaRede organizou uma formação para educadores com orientações sobre o uso seguro das telas digitais, e os convidou a multiplicar as informações na sua escola com outros professores, pais, alunos e comunidade escolar. São os "professores embaixadores", que receberam publicações produzidas pelo EducaRede a partir das constatações da primeira pesquisa. São elas: o Caderno do Embaixador, para os professores, e o livreto Dicas de Uso Seguro das Telas Digitais, dirigido especialmente aos pais.
Além disso, desde 2008, o Foro Generaciones Interactivas, que tem o EducaRede Brasil como parceiro local, oferece assessoria, materiais e propostas de atividades sobre o tema.
Ouça entrevista exclusiva com Marcelo Tas. O apresentador do CQC diz como negocia o tempo de uso das telas digitais com seu filho e fala sobre a relação da escola com os nativos digitais: Clique aqui.
Fonte:
http://www.educarede.org.br/educ/index.cfm?pg=revista_educarede.especiais&id_especial=539
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